sexta-feira, junho 29, 2007

Salto ao mar



Como um pescador que luta com a natureza e busca para si o seu alimento, e o alimento propriamente dito, o peixe que se esforça para se livrar da vara que quer determinar o fim de sua existência.
É nessa contradição que se baseia o nosso projeto, entre a preocupação de conservar uma área que se caracteriza por manter completamente inalterada, sendo completamente dominada pela natureza. E no advindo da urbanização, que vem para se desenhar e ocupar a área, muitas
vezes causando estragos irreparáveis ao local.
Pensando nisso, tentamos criar uma implantação que cria uma ligação com a natureza, que conversa com ela e a valoriza, ao invés de simplesmente se fazer presente e destruir o que for necessário para se construir.
Por uma arquitetura mais consciente e significativa. Com esse pensamento em mente, chegamos ao projeto explicado abaixo.


Primeiramente vale expor que em Santos existe uma falta de espaço que nos fez procurar um terreno além da “Santos principal”, pois o projeto demanda uma grande área, coisa que como foi dito, é escassa. Além disso, também devemos explicitar a dificuldade de projetar em uma área tão grande, e que não tem nenhum ponto de referência, a responsabilidade de criar algo grandioso em um lugar que não tem edificação alguma foi um grande desafio para nós. Criar a universidade a partir do “nada” e desenhá-la pelo terreno foi algo muito difícil.

Por fim chegamos a nossa pedra angular, o surgimento é feito através do viário que traz todo o movimento a ilha, criamos então nossa implantação pela veia principal que abastece o grande coração da Ilha dos Bagres, que é a Universidade.

O viário criado para trazer os usuários e futuros moradores da Ilha dos Bagres corta a ilha no meio, marcando a divisão entre a mata densa e a área urbanizada, ele se coloca leve no terreno, tentando com isso causar menos impacto na natureza que ali sempre foi soberana.

A universidade se espalha pelo verde que toma a Ilha dos Bagres (local escolhido para a implantação), se coloca através de um caminho sinuoso e fluido. São pensados nos eixos que cortam o terreno, como que ditando o movimento que nele se deve ser feito para melhor compreender a arquitetura e urbanização proposta.

Exatamente na metade do viário é que surgem os eixos que definem a ocupação da área. São cinco eixos, que é o número de cursos propostos. Os eixos abrem e se ampliam a cada metro em que ocupam a área.

No começo ele define as habitações estudantis, que tem caráter horizontal, sendo de poucos pavimentos, e tomando os espaços criados pelos eixos limites. Seguido disso se faz o viário que leva quem chega de Santos para as habitações. No centro, ocupando os eixos do meio se forma uma grande praça com projetores de água ritmados que tem como intuito o de criar uma nova linguagem de praça pra região. Tem também um teatro fechado que poderá servir para eventos, tanto dos alunos, quanto eventos não provenientes da Universidade, valorizando assim a cultura criada lá, e a de fora da área.

No ponto máximo dos eixos é que se forma a Universidade propriamente dita, ela se distribui pela paisagem e seus prédios têm o formato que lembra o saltar de um peixe ao mar, o pilar robusto com tirantes que estrutura o prédio é como o pescador que puxa o peixe para si, e a contraposição do peixe que luta pela sobrevivência. Esse ato simbólico congelado é a amarração do nosso projeto.

Os prédios avançam que sobre o mar, criam um elo com a natureza ao colocarem-se tão próximos a ela. Relacionando com a arquitetura que sempre tem um elemento de reflexo, os espelhos d água, podemos ver que nessa relação o mar é um grande espelho d água natural.

Por entre os prédios se formam passarelas que tem formas orgânicas que imitam o movimento da água que oscila no mar à frente, os acessos a essas passarelas são feitos através de rampas. A implantação do viário urbano foi feita em níveis, de modo a assim tentar diminuir os danos a natureza que envolve o campus.

A amarração final é feita pelo viário que leva as pessoas que usam a Universidade de volta à cidade de Santos, através de uma ligação direta que existe com a mesma artéria que os trouxe para a Ilha. O desenho desse viário contrasta propositalmente com o outro que divide a Ilha ao meio, para mostrar o contraste que é a luta x harmonia entre o homem e a natureza.